quinta-feira, novembro 25, 2010

Pernas-de-pau para contar a história da Fome e da Miséria




Mariana Matias
foto: Carolina Sanches


A Fome personificada em uma criança nascida da Miséria. Perdida de sua mãe, vaga pelo mundo trazendo sofrimento a todos. A Morte, tão temida, é naturalmente a melhor saída para um mundo em que novas possibilidades não param de nascer. No dia em que deveria morrer, Tia Miséria engana a Morte e em um acordo proposto diante de todos, decide viver vagando atrá de seu filho.


O Núcleo Às de Paus desenvolve sua teatralidade a partir de pesquisas em pernas-de-pau e outros efeitos de prolongamento do corpo há cerca de quatro anos. Nesta sétima edição da Mostra de Teatro do Oprimido, bem trazer a discussão acerca da Miséria e da Fome, tão presentes no mundo de hoje.

De onde veio a idéia para a peça?
Núcleo Às de Paus: A Pereira da Tia Miséria é uma versão de um conto popular espanhol de domínio público. Estávamos procurando uma história em que pudéssemos trabalhar com as pernas-de-pau, uma técnica que utilizamos há quatro anos. A obra foi adaptada pelo Luan Valero, que transformou o texto em rima, uma linguagem popular que se aproxima do público.

Vocês assinam a direção coletivamente. Por que essa opção?
Núcleo: Nós somos unidos pelo teatro, que, para nós, é mais que uma busca por uma linguagem, é um compromisso existencial. Além da peça o próprio Núcleo é dirigido por todos. A escolha permite que todos se responsabilizem pelo grupo e pelo trabalho. Isso nos fortalece.

A peça é apresentada na rua? Como é essa experiência?
Núcleo: Nós temos uma proximidade muito grande com os moradores de rua. Por isso pensamos que a peça, apresentada na rua, poderia contemplar um grande público, incluindo essas pessoas que não tem a oportunidade de assistir um espetáculo dentro de um teatro. Além disso a temática é universal, tratada em qualquer época, qualquer lugar e para todos os públicos.

Qual a importância de se apresentar na VII Mostra de teatro do Oprimido?
Núcleo: O tema deste ano da Mostra é "Trilhas e Rumos para um Teatro Popular"...e é essa nossa busca. A identificação do grupo com a linguagem popular vem da tradição do uso de pernas-de-pau em festejos e brincadeiras de rua e da possibilidade de, através do estranhamento causado pela dimensão das personagens, levar o teatro a diversos públicos como instrumento de reflexão. A temática da peça colabora com a discussão social.
O grupo se apresenta hoje, às 17h em frente ao Banco do Brasil, no Calçadão.

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