segunda-feira, julho 07, 2008

Um Grito Parado no Ar


Teatro...Teatro...Teatro...Fazer Teatro é sofrer num paraíso. Mas se não fazê-lo, como entendê-lo?”. Esta é uma das maiores verdades que li em uma das peças de Gianfrancesco Guarnieri, “Um Grito Parado no Ar”. Pelo menos, é a “maldita frase”, que nunca sai da minha cabeça.


Fazer Teatro, realmente é sofrer, mas nem sempre é num paraíso...ou melhor, quase nunca é. Atualmente, as condições materiais tem sido favoráveis, para nós aqui em Londrina, que tentamos fazer um Teatro sério, crítico, de qualidade e principalmente fora da égide da mercadoria... Afinal de contas, são 4 anos de trabalho, 12 grupos formados, mais 40 apresentações – nas comunidades e nos teatros – por ano....e ainda Tem o Festival Nacional....mas me parece, mesmo assim, que nunca foi tão difícil.


No Seminário “Teatro e Transformação Social” , em julho último, na cidade de Santo André, tive a oportunidade de ver e ouvir Zé Renato, um dos Fundadores do Teatro de Arena (e um dos maiores nomes do Teatro Nacional) dizer que tinha muita esperança na juventude e nos rumos que o Teatro brasileiro poderia tomar. Eu também tenho. Aliás Tenho que ter. Em Santo André conheci muita gente que como eu, também têm esperança. Esperanças que as coisas se modifiquem. Esperanças de realização de uma vida melhor pra todo mundo. Mas porém...e sempre existe um porém.....


Volta e meia, muita gente (jovem) aparece lá na Vila Cultural procurando “curso de teatro”, sabe aquele tipo de curso que você passa na porta e te jogam um diploma na cabeça. DRT enlatada. Cursinho pré-vestibular para ator-malhação. Repetidor de falas. Aquele tipo de curso que forma ator-mercadoria. Vocês precisam ver a cara de desprezo que eles fazem, quando explico o “tipo de Teatro” que a gente faz. No Seminário, eu comentei com o César (Cezinha, multiplicador da FTO), como as situações nas peças de Teatro-Fórum estavam ficando, cada vez mais difíceis de resolver, de dar alternativas. E ele, na sua imensa sabedoria e simplicidade me disse:

_ É a vida que ta ficando mais difícil, Né, Gil?

Nem sei por que eu tô escrevendo isso. Talvez por que hoje seja segunda-feira. Talvez por que eu esteja prestes a entrar de férias (e todos sabem que eu sou um puta workahollik). Num sei...mas às vezes eu tenho medo, que a exemplo do personagem de Guarnieri, meu grito também fique parado no ar.

Roberto Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...