sexta-feira, julho 04, 2008

III Encontro Nacional de Teatro do Oprimido

Zé Renato (Um dos fundadores do Teatro de Arena) e Acleilton (mandinga Teatral de Londrina)- Nádia Burk ao fundo...
Pois é, sinto que preciso escrever algo sobre a viagem e então vamos lá! (apenas como registro).
Foi legal pra cacete, bastante enriquecedor, construtivo e (in)formativo. Não tenho nenhuma crítica sobre o evento, o único encalce para mim foi o cansaço que me atingiu na quinta-feira. Saímos daqui quarta à noite, a ida, para variar, foi extremamente conturbada. Não quero entrar em detalhes, chegamos por volta das 08:30 da manhã, depois de passar um tempo no transito caótico da paulicéia desvairada. Café da manhã na prefeitura e já começamos a maratona de eventos. Interessante a forma com que é distribuído e organizado o complexo do poder executivo/legislativo/judiciário da cidade. Me lembra muito o modelo da capital paulista, muito mesmo. Além dos três prédios, o conjunto ainda conta com um logradouro todo dedicado às artes - teatro municipal, museu, cinema e uma sala toda dedicada a música clássica, tudo isso no centrão da cidade, logo abaixo da prefeitura.

Glauco Garcia, César Vieira (União Olho vivo) e Lucas Murari

A sexta-feira foi bem mais sossegada. Duas peças pela manhã, debate à tarde e uma outra à noite. Na mesma tarde, deu tempo de circular pelo centro de Santo André e adquiri num sebo, por um bom preço, "Sem Plumas" do Woody Allen e um livro de contos do GGM - "Olhos de Cão Azul". Quando o sol se pôs - bar. (aprendizado da noite, JAMAIS fale mal de Renato Russo em Santo André", o vocalista do Legião Urbana faz parte da tríplice coroa da região, que ainda conta com Cazuza e Kurt Cobain.)


Mesa Redonda: O Teatro do Oprimido no Brasil. Na Mesa Armindo Rodrigues Pinto (GTO), Bárbara Santos (CTO-Rio), Nádia BUrk e Glauco Garcia (FTO-Londrina)

Sábado sem via de dúvidas foi o dia mais tranqüilo. Peça pela manhã e uma mesa redonda à tarde. Toda noite livre. Como o cansaço era visível no rosto de cada um, acabamos finalizando o dia regados a vinho num quarto do alojamento que mais parecia um dormitório do Deus Baco.Domingo, por período integral, oficinas. Eu nunca havia visto como era oficinas de TO e para mim foi uma grande surpresa. Exercícios e mais exercícios de inserção que lembra muito o aquecimento do modelo Boaliano. Ao final, foi proposto a três grupos de realizar uma pequena peça, quase de improviso e sem falas. Achei esse tipo de exercício extremamente perigoso, pois, o público de Teatro do Oprimido é completamente diverso do de Teatro Convencional.

O Teatro do Oprimido de Boal é um teatro de resistência, brechtiano e incorporando idéias de Paulo Freire. É, qualquer que seja a sua forma, um teatro que visa a discussão de idéias, a polêmica revitalizadora, a inserção da arte no mundo vivido, em seus problemas e impasses. Para mim, arte é isso, mas é uma impressão pessoal. Quem gosta de divertimento de Corte também deve ter suas razões. Claro que peças menos simbólicas, mais corporais enriquecem a obra. Porém, esse experimentalismo de várias linguagens não é uma boa forma do grande público (que é o alvo do TO) compreender o que será exibido.

Mesa Redonda - Debates

Pretencionismo estético não é algo inserido no dicionário do Teatro do Oprimido. Nesse tipo de argumento, a linguagem precisa ser a mais direta possível, pode sim contar com cenas subjetivas, porém não muito presunçosas. O TO tem como uma das suas principais características tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral, pois essa é uma forma da arte auxiliar as transformações sociais e mostrar sua força, indignação e engajamento. Nele, mesmo de forma amadora, os atores e o público sempre necessitam dialogar, o espectador é transformado em ator e isso se torna vital para o decorrer da peça. Para mim, fala é algo quase que obrigatório nesse modelo de teatro. Claro que essa é apenas minha opinião, não sou o maior especialista em teatro, minha praia é outra, mas deixo como nota.

O povo de Santo André é extremamente hospitaleiro. Fomos muito bem “cuidados”. Alojamento, comida, transporte e tudo mais. De uns tempos para cá, estou cada vez mais antipático, beirando a arrogância. Não sei o que me acontece, talvez tenha até magoado alguém, desculpem-me por qualquer coisa.

P.S: Dentre os 15 cafés que tomei em Santo André, apenas dois se salvavam. Puta saudade do café minha cidade.

Armido Rodrigues Pinto (GTO- Santo André)


Lucas Murari (LM) www. complexodeepico.blogspot.com

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