Matéria de Francismar Lemes (Folha de Londrina)
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''Uma burleta de costumes cariocas'', como antecipa o subtítulo da peça, escrita em 1911. Um cotidiano que se dança com ''maxixes de levantar morto'', a música composta por Chiquinha para a peça foi elogiada por todos os jornais da época. Chiquinha foi o broche dourado que os autores do texto, o repórter policial Carlos Bittencourt, conhecido pelas reportagens em prosa ritmada, e Luís Peixoto, um chargista, procuraram para pôr na lapela da peça. Um brilho de prestígio da maestrina aos dois iniciantes, que não conseguiam empolgar atores e produtores com um possível sucesso da montagem. Porém, o ''Forrobodó foi completo'', como enfatizou a crítica. ''A opereta fez tanto sucesso que foi remontada outras vezes, sendo que, na década de 20, inspirou a peça 'Depois do Forrobodó', com os mesmos personagens.
A dramaturgia não era algo tão surpreendente. Tão pouco a música era especial. Historiadores acreditam que o interessse talvez tenha sido porque foi a primeira vez que o teatro retratou a população negra e pobre do Rio de Janeiro'', ressalta o diretor musical e arranjador, Celso Branco, professor do FML. A montagem tem direção geral de Marco Aurélio Hamellin. A orquestra formada por 17 músicos tem regência de Vitor Gorni.
O elenco de 27 atores, um coro formado por 77 pessoas e 23 dançarinos, entre artistas integrantes da Rede da Cidadania, garantem que o ''Forrobodó'', mais uma vez, será completo. A história se move em torno do misterioso roubo das galinhas do dono de um clube musical. Ao mesmo tempo acontece uma confusão em frente ao estabelecimento e alguns penetras tentam entrar no salão. Pretexto para surgirem em cena tipos pitorescos, como o guarda noturno corrupto, a insinuante mulata Zeferina e o barbeiro Escaldanhas.
''Na época era óbvio que a platéia achasse graça do negro imitando os brancos, mas ria também dos brancos. 'Forrobodó' foi montada na década de 30, em que o País vivia um momento em que se dizia que somos todos brasileiros'', comenta Branco. Para os arranjos, o diretor fez uma extensa pesquisa, contando com a colaboração de Edna Diniz, biógrafa de Chiquinha. Ele conta que teve acesso às partituras originais da compositora. ''São 12 canções que, nesta montagem, contam com uma orquestração original, o que é algo muito especial. Além disso, tivemos o auxílio dos integrantes da Rede da Cidadania. Com apenas uma semana para ensaiar, trabalhamos até seis horas por dia. Se não fosse o profissionalismo dessas pessoas, nada disso seria possível'', afirma. ''A nossa sorte é que Vitor Gorni construiu toda a parte orquestral. A impressão que temos é que na época não havia essa preocupação. Gorni fez um trabalho hercúleo, limpando algumas incongruências. O resultado é o melhor que poderíamos obter'', avalia Branco.
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