quinta-feira, maio 08, 2008

Láboratorio de Teatro do Oprimido


Como o Teatro do Oprimido Pode interferir na Vida das Pessoas
Wanesca Gomes Franco 02-05-2008
15 anos
Grupo: O problema é Meu...Mas também é seu...

Sempre queremos mudar para melhor.
Nós, os seres humanos, sempre temos vontade e o desejo mudar aquilo que nos faz infeliz. Mas muitas vezes, pelo fato de estarmos acomodados, ou até mesmo acostumados com certas situações – situações muitas vezes opressivas - , não nos vemos no direito de sair daquilo que nos faz mal.

Para ser mais exata, falo da opressão em si, onde consequentemente se tem um oprimido, que sofre por não conseguir, ou não saber de que maneira, realizar a sua vontade e sair daquela situação que faz mal a ele.

Posso dar um exemplo bem claro, que está no nosso cotidiano: uma família, onde o marido chega bêbado e bate na mulher e fica ameaçando constantemente, dizendo que vai mata-la, caso ela conte a alguém.

Todos os dias são assim. Apanha e fica calada.

Ela tem vontade de ser como as outras mulheres, que não apanham de seus maridos todos os dias. Tem a vontade de sair definitivamente daquela situação. Mas ela pensa de novo, olha para os seus filhos: “como eles poderiam viver sem seu pais?” Então, decide ficar naquela situação, calada; por causa dos seus filhos. E já há algum tempo, mesmo apanhando, ela se “acostuma” com a situação.

Isso é só um exemplo. E existem outros muitos piores do que esse.

Você pode até dizer: “isso não acontece comigo”... Mas eu tenho certeza que você conhece alguém ou já ouviu falar de casos assim.
Da clara e lenta opressão.

Quando eu digo lenta é por que a opressão pode ser comparada a um “ciclo” de uma “planta venenosa”. Ela nasce e vai se desenvolvendo e se não for cortada pela raiz, acaba com todo o resto da plantação. (vida)

Muitas vezes, o oprimido não tem forças para vencer esta opressão, ou se tem forças, não sabe como. E é ai que entra o Teatro como Transformação Social, ou melhor dizendo, o Teatro do Oprimido.

O Teatro do Oprimido tem como um de seus principais objetivos, ajudar os oprimidos a descobrirem soluções para suas opressões, descobrindo através do teatro soluções concretas, que possam ser utilizadas para se quebrar as situações de opressão.

Descobrir alternativas para romper as opressões é um dos objetivos do Teatro do Oprimido. Mas não podemos dizer que o Teatro do Oprimido “é só isso”. Não. O teatro do Oprimido é uma metodologia. È composto de jogos, exercícios e técnicas formando um arsenal exclusivo, que se compara a uma árvore, que não pode existir sem uma de suas partes.

Totalmente diferente do Teatro Convencional, pois ele faz uma coisa inédita que é “quebrar a quarta parede” e abri-la para os espect-atores, ou seja, atores e espectadores se tornam iguais na hora de representar e de dar alternativas para o oprimido (o da peça).

Lembrando que tudo que é representado no espetáculo não foi, de forma nenhuma, inventada, tudo é real, por que aconteceu na nossa vida.

Podemos assim dizer, que o TO pode ser uma importante ferramenta para famílias, comunidades e grupos onde buscar alternativas é o único modo de romper nossas opressões e ajudar outros oprimidos.

Assim, o TO, interfere de modo muito positivo em nossas vidas, nos incentivando a pensar que não temos que estar vivendo aquilo que não queremos e que está nos fazendo mal.

E se queremos mudar alguma coisa, e não sabemos como, a melhor maneira, com certeza é fazer o Teatro-Fórum, que é justamente isso, abrir o espaço ao público para que eles nos ajudem a romper com as nossas opressões.



Efeito Formiguinha”
Débora Angelica santos Oliveira
Grupo Caos & Acaso de TO

A princípio, não é a busca pela transformação social que leva ao primeiro contato com o Teatro do Oprimido. Alguns buscam apenas o Teatro; o teatro que conhecemos da forma mais tradicional e que não possibilita uma nova leitura de mundo, apenas a confirmação deste em que vivemos. Isso não quer dizer que o teatro convencional seja ruim, apenas não contribui concretamente nas relações de um grupo social, além de ter outra proposta diferente do Teatro do Oprimido.

Mas é fato que o primeiro contato com o T.O. para alguns, é fruto dos sonhos idealizados quando criança, cujo sonho era atuar numa rede de comunicação famosa, ser o protagonista de muitas novelas, fazer muitos filmes, atuar em muitos teatros e ser reconhecido (a) como um grande ator (atriz), gozar de boa fama e de dinheiro. Mas tudo não passa de uma busca por uma vida melhor, mais confortável, só que para esses sonhos se realizaram é preciso mais do que vontade, por exemplo, o dinheiro para investir numa carreira e disponibilidade de tempo para tal. Esse tipo de sonho (ou se sabe lá o que) é uma tentativa de mudar essa estrutura cotidiana. Não se sabe como, mas se sabe o que quer.

A primeira reação quando se escuta a falar sobre oprimidos e opressores é a dúvida e a certeza mais falsa que podemos ter: “Eu nunca fui oprimido, nem opressor!”. Então qual o motivo dos exercícios, dos jogos e das imagens?-”Apenas uma profissionalização, um aprimoramento daquilo que eu já nasci pra fazer”. Dá pra entender o que eu quero dizer?É com esse pensamento que muitas pessoas, adolescentes ou veteranos chegam a uma oficina de teatro do oprimido. É somente a partir da convivência com o método que se inicia um processo de reflexão sincera sobre seu próprio corpo, podendo perceber suas debilidades, mecanizações e também descobrir sua potência e como usá-la de maneira mais consciente canalizando sua força, sua flexibilidade e seu equilíbrio para a expressão corporal não se esquecendo da metodologia que inclui além das imagens, a palavra, o som e a ética.


É quando os sentidos experimentam novas sensações, como nunca antes fora feito e muito menos pensado. Essa primeira fase de descoberta do corpo é o primeiro passo para entender as relações entre oprimidos e opressores que é “viva” em nosso corpo, que é visivelmente como um vírus encubado e que quando remexido mostra sua verdadeira “cara”. É relativamente fácil para os multiplicadores, numa oficina durante a aplicação dos jogos e exercícios identificar a nossa opressão, o corpo fala por si só, mas é um tanto trabalhoso para alguns perceberem suas opressões e ver que a vida não é um conto de fadas e que existem conflitos no seu cotidiano, que nem sempre se encontra ajuda quando necessário e que é difícil se libertarem de certas concepções opressivas e partir para a ativação dos sentidos.

De uma maneira ou de outra isso começa a incomodar, “cutucou-se nossa ferida”, de agora em diante, essas “concepções” vão perdendo sua força e a racionalidade aparece com uma cor mais forte junto com a vontade de se tornar alguém, não o protagonista da novela das oito, mas o protagonista de sua própria vida social. Chega a ser mágico quando se compreende o porquê de estar fazendo teatro do oprimido, mas isso não vem de graça e nem de uma hora pra outra, é preciso um pouco mais que somente dedicação... É necessária a vontade de mudar a situação de opressão em que se encontra e estar ciente de que todos são em determinados momentos opressores e oprimidos. Conseguimos isso quando pensamos realmente e não idealizamos um fim catártico, afinal, quando não se sabe o que fazer para quebrar uma opressão, faça um fórum! RS.

Todo esse processo de “dês-especialização e de Re-humanização da humanidade” reflete no grupo social em que vivemos quando comentamos com nossos amigos, parentes, colegas de trabalho as sensações experimentadas e os novos pensamentos, reflexões, sentimentos e impressões que surgem ao longo do processo. Observa-se uma confiança maior e as buscas por objetivos concretos e palpáveis; de forma consciente o fórum oferece além do debate com os expect-atores, ferramentas para a quebra de pequenas opressões do dia-a-dia, mas que para o oprimido é muito importante. Por exemplo, na relação entre um pai e um filho, procura-se instaurar o diálogo onde antes só havia gritos e acusações, a mesma coisa com amigos, tentando mostrar sua opinião verdadeira sem medo de ser surpreendido por “caras e bocas feias”, pois agora há argumentos.

Mesmo que se pratique o Teatro do Oprimido por um curto período, o que vale mesmo é a reflexão sobre a opressão que vivemos no cotidiano e que agora o oprimido tem alternativas para mudar sua realidade, mas não se tornando opressor que é um dos objetivos do T.O., nem sempre conquistado imediatamente. Falo isso, pois foi e ainda é assim em minhas relações pessoais, não é fácil, mas é possível, há sempre o agravante de nossa personalidade, alguns são de natureza mais ativa, enérgica, irritável que outros, mas o que se pretende é não deixar que isso interfira ou se sobreponha nas relações de um grupo social. É um “efeito formiguinha”, comer as folhinhas de opressão começando pelas beiradas, buscando o talinho mais verde, até encontrar alternativas reais para minhas opressões e também um bom exercício de “concentração”. Em vez de deixar “viva” a opressão em mim, através do T.O. tento “dar vida” ao que possibilita a transformação social.

Contudo, não busco com esse pequeno texto encontrar a solução para todos os oprimidos do mundo e muito menos instituir “verdades”, é apenas a sistematização do que vive em mim e que a cada dia encontra um novo desafio, pois quebrar estruturas falidas, causar um impacto real no plano objetivo e subjetivo do meu grupo social, é transformar antes de tudo minha rotina, que abrange não somente a mim, mas minha família, meus amigos e todos com quem me relaciono.

Como o Teatro do Oprimido Pode interferir em nossa Vida
Ana Carolina A. Silva
16 anos
Grupo Encenação de Teatro do Oprimido

O Teatro do Oprimido pode interferir de diversas formas na vida de uma pessoa. Essa interferência é constante e se dá nos jogos e exercícios quanto no espetáculo em si.

Cada encontro do grupo é muito importante. Nele, várias questões são esclarecidas e discutidas. Os jogos, igualmente, nos respondem muitas questões em relação ao grupo com o qual trabalhamos, mas também levantam muitas outras. E isso nos faz refletir não só nos encontros com o grupo, mas também em nosso dia-a-dia.

No espetáculo, há uma grande troca de experiências. Vemos nosso problema de diversos pontos de vista. E isto nos dá uma base para a solução deste.

Na minha vida, o Teatro do Oprimido faz muita diferença.

Já assisti à apresentações em que vi na opressão apresentada a minha própria opressão. Para ser sincera, não utilizei nenhuma das alternativas apresentadas, da forma que elas foram mostradas no palco. Mas vendo a minha opressão sendo representa, assim, de fora, eu refleti e com base nelas, criei minha própria alternativa.

O TO, também vêm me dando uma nova visão de mundo. As discussões sobre vários temas, inclusive sobre o próprio TO, vem contribuindo para me dar uma visão mais ampla do mundo em que vivo.

Um comentário:

  1. cada vez melhor...^^

    gostei da "planta venenosa"....realmente é um mal q necessita ser cortado pela raíz......mas e quando o "brotinho" dessa planta já destila seu veneno poderoso pelas ruas e vielas??
    como e por onde cortar o mal pela raíz??

    falo isso e faço questão de deixar aqui no blog, porque sofri mais uma opressão...duas crianças...dois meninos...um de 8, outro de 13...me roubaram com armas de brinquedo, eu até "aguentava" com eles, mas eram apenas crianças...depois fiquei pensando...que um pouco antes na faculdade, fazendo minha prova eu escrevia sobre a objetividade nas ciências socias e eles estavam lá no frio..."me esperando"....
    essa é a raíz...são os "brotinhos"...foram oprimidos pelo adulto...e reproduziram a opressão...

    eu não sei não, mas acho q não é necessário curso superior pra buscar solução.O teatro do oprimido pra vcs contribui nessa situação???


    bjooss....me respondam...até terça no grupo de estudos.

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