sexta-feira, abril 04, 2008

Em Fim Alguma Coisa!


Parece que finalmente começa-se a falar do quanto o Teatro do Oprimido é oprimido pelos acadêmicos. Não é de hoje que esta situação está posta, no entanto, não se fala sobre o preconceito sofrido por aqueles que praticam TO da parte dos acadêmicos das Artes Cênicas, que declaram que Teatro do Oprimido não é teatro, se não o é, então o que será?


Recentemente tive conhecimento de um caso absurdo: Um docente que ao apresentar seu projeto de inserção no mestrado, teve o mesmo rejeitado, porque tratava-se de Teatro do Oprimido e pior, o docente teve que escutar da boca de um dos avaliadores a frase que já é um clichê: "Teatro do Oprimido não é teatro"; ou a aluna do próprio curso de Artes Cênicas que foi excluída pelo resto da sala porque queria trabalhar com TO. E inúmeros outros casos. Se acham que isso é um absurdo, então convido-os a conhecer um grupo de TO e perguntar-lhes se sofrem preconceito.


Mas, não é esse o assunto a cer tomado aqui, até mesmo porque iríamos longe nisso. Nesta semana foi publicado no Jornal do Campos (publicação dos alunos do curso de jornalismo da ECA-USP) uma matéria que levanta essa falta de reconhecimento, ou melhor dizendo, omissão do TO dentro da Universidade. Matéria comentada por professores importantes e arte-educadores, que admitem a importância da Metodologia e sua pesquisa, o reconhecimento do TO fora do País e sua "exclusão" dentro dele. Sérgio Audi, ator, diretor e organizador do debate realizado em 16 de março no dia Internacional de TO, relatou ao Jornal do Campos: "as artes e as pesquisas estão indo para o mundo do indivíduo" e ainda segundo ele, acredita que na faculdade "não cabe a idéia de que todo mundo possa ser artísta".


O Teatro do Oprimido vem de frente ao égo do artísta, acostumado com a contemplação e o aplauso no fim do espetáculo, não encontra-se preparado, pois acredita que seu brilho será apagado pela intervenção do espectador ou seus longos anos de estudo e aprofundamento serão ofuscados pela dona de casa que sobe ao palco. O que os estudantes das Artes Cênicas não compreendem, é que o Teatro do Oprimido não veio roubar ou ofuscar o conhecimento ou o lugar do ator, não é uma disputa, é a necessidade sentida por aqueles que querem mais que simplesmente assistir e manifestarem-se através do som dos aplausos.


Contudo, esperamos que esta não seja apenas uma matéria solta no ar, mas que a partir dela, outras possam ser publicadas e esse "problema" possa ser debatido, questionado, explorado e transformado.
Nádia Burk
Coordenadora da Fábrica de Teatro do Oprimido de Londrina
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