sexta-feira, novembro 16, 2012

O Trabalho Colaborativo em NKALI nova peça-processo do Grupo caos e Acaso


O Grupo Caos e Acaso de Teatro e a Fábrica de Teatro do Oprimido - FTO, estreará sua nova peça-processo "NKALI" nos dias 1 e 2 de dezembro na Vila Cultural Casa do Teatro do Oprimido. O processo com texto e direção colaborativos é a continuidade da pesquisa cênica do Grupo sobre o Teatro Épico, Teatro Popular e as diversas possibilidades de narrativa dialética comprometidas com a reflexão sobre nossa sociedade atual.

A exemplo do espetáculo "Cafe quente em noite Fria..." (2009/10), NKALI, também apresenta-se  como espetáculo ensaístico, no sentido em que também se recusa a se inserir em um sistema produtivo como um "produto acabado". Deste modo a processualidade levada à cena baseia-se na coletividade de sua produção, tanto em sua pesquisa formal (física, inclusive), como temática, (a politica na vida cotidiana, a revolta da Balaiada), revelando ao espectador um momento do processo, uma síntese provisória de uma pesquisa ao mesmo tempo estética e histórica.

Em NKALI, por motivos diversos motivos  - e inclusive a precarização em que está sendo produzida - houve uma radicalização do processo de produção: todos os integrantes, abandonando suas funções artísticas especificas, tiveram igual espaço propositivo, trabalhando com hierarquias móveis em momentos distintos do processo, criando uma obra cuja autoria é compartilhada por todos.

A principal dificuldade, - coletiva - até então, é garantir e estimular a participação de todas as pessoas do grupo, não apenas na criação material da obra, mas principalmente na reflexão critica sobre o material produzido, nas escolhas estéticas e no posicionamento ideológico, buscando de fato, romper com o papel de artista-produtor de material bruto, para o artista-pensador, capaz de decidir sobre os rumos da obra. É a principal dificuldade, justamente por que mesmo imbuídos de todo compromisso do processo deixamo-nos levar pelas diversas pressões externas (falta de tempo, de dinheiro, de material, etc), internas (conflitos de idéias, posicionamentos políticos, etc) e individuais (procrastinação física e mental, insegurança, etc); fazendo que o trabalho colaborativo caia no mais puro discurso. 

Buscamos diversas soluções para esta dificuldade até o momento: ensaios por núcleo, onde alteram-se os papeis de dramaturgia e direção, escritas  e sínteses dramaturgicas permanentes, divisão do espetáculo em módulos de planejamento e execução onde cada ator é responsável por um projeto distinto, reuniões de estudo e planejamento, ensaios gerais. Tudo isso, tentando romper a ideia do artista "linha de montagem", que não consegue ou muitas vezes não quer, se relacionar com "a produção global". "O ator escravo da parte e alienado do Todo".

Ainda buscamos encaminhar uma sintese provisoria, onde a estreia em novembro - o encontro fundamental com a plateia - é apenas parte. Ainda estamos longe de uma conclusão sobre nossa metodologia de trabalho e de que maneira isso vai impactar o trabalho do grupo daqui em diante...mas seguimos.

Um comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...