domingo, dezembro 13, 2009

´Reflexões sobre uma História entre as Histórias: café quente no Museu...

Fotos: Leandro Borges - arquivo da FTO
Terminou no Último dia 12 de dezembro, a Mini-temporada da Peça Processo "Cafe Quente Em Noite Fria ou o Ensaio sobre a Lenda do Ouro Verde", do Grupo caos e Acaso de Teatro, no Múseu Histórico de Londrina; em comemoração ao aniversário dos 75 anos de Londrina. Aqui, compartilho uma breve reflexão que nos ocorreu durante o processo de montagem, apresentação e debates com o público que pôde acompanhar as apresentações.
A Peça Processo "Café Quente em Noite Fria ou o Ensaio sobre a Lenda do Ouro Verde" evidenciou (do lado de fora do Museu; já que as apresentações aconteceram do lado de fora, na plataforma da Estação Ferroviária; e isto é um fato ironicamente interessante) o cotidiano singelo de histórias de vidas marginalizadas, histórias de vidas desprovidas de grandes acontecimentos, feitos enaltecedores ou fatos grandiosos, histórias de vidas geralmente taxadas de menores, pobres em eventos e até medíocres, por assim dizer, que não cabiam - e ainda hoje não cabem do lado de dentro do Museu. No aniversário de 75 anos de Londrina, o Grupo Caos e Acaso celebrou as vidas desinteressantes aos olhos de uma sociedade ávida por realizações espetaculares, por acontecimentos homéricos. No entanto, sob a ótica desse artista, transformam-se em histórias de vidas extremamente potentes, portando desejos, dores, alegrias, paixões, lutas, angústias, enfim, movimentos insubordinadores sob o ponto de vista de um poder central homogeneizador.

Sob a égide de um discurso historicamente construído, as vozes das classes populares foram, e são, continuamente desqualificadas e ouvidas pelo prisma da falta e da carência. Outrossim, cremos ser possível observar, no corpo e na narrativa da Peça Processo "Café Quente em Noite Fria...", uma radical singularidade quanto ao cotidiano desses personagens, promovendo novos olhares sobre seus modos de vida e apresentando alternativas promissoras ao enfrentamento das lógicas naturalizadoras proferidas por discursos hegemônicos. Este aspecto provocou um contradição extramente "positiva", entre a história oficial, materializada nas "paredes" do Museu histórico e "História dos Vencidos", representada na peça.

O próprio Local da Representação Teatral, contribui (e muito) para se evidenciar esta contradição:
"Para Nós, e extremamente emocionante representar esta esta peça aqui; nesta estação, onde milhares de trabalhadores chegavam e partiam atrás da Lenda do Ouro Verde. Chegavam em trens como este (aponta o vagão em exposição). Mas não neste aqui. Este aqui é da primeira Classe" - Diz Glauco Garcia, ator do Grupo Caos e Acaso.


A temporada segue, na próxima semana (dias 18 e 19), no Centro Cultural Luppercio Luppi, na Zona Norte de Londrina. Um região da cidade que históricamente também é ligada (fruto) do declínio do Ciclo do Café e advento da construção Civil e a vocação dos serviços.

mais detalhes sobre os bastidores da Temporda do Grupo, Clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...