terça-feira, fevereiro 26, 2008

Novos Diários de Bordo - Continuação

Michelli Daros, 19 anos, integrante do grupo Encenação há quase um ano.

Integrante do grupo Encenação há quase um ano, Cheguei ao grupo através de amigos em comum que me falaram sobre a Fábrica do Teatro do Oprimido em Londrina. Passei a freqüentar ensaios de um grupo já existente até que num trabalho de oficina se formou o grupo do qual faço parte atualmente.

Os exercícios realizados, o método do Teatro do Oprimido, o fórum, o contato com o público (espect-atores) tudo enriquece o senso crítico da vida cotidiana. Já me interessava e estudava muito a questão social, mas após o ingresso ao Teatro do Oprimido pude ver alternativas e saídas para situações que antes apenas me conformava.Em algumas situações a mudança é tão surpreendente que posso estabelecer uma divisão antes e pós Teatro do Oprimido, antes eu apenas assistia a essas situações, após o teatro participo, vivo, sou atriz de minha própria vida e de todas as questões que a cercam.



Nos ensaios buscamos sempre sentimentos, expressões e movimentos que nos aproxime da realidade. Sempre expomos nossas idéias , discutimos o que é mais adequado;nada está pronto e acabado, tudo vai da criação e contribuição dos integrantes como um todo.


O fórum no Teatro do Oprimido é um momento mágico, fantástico, sempre um aprendizado. Nunca sabemos qual será a reação dos espect-atores. Lembro-me de um fórum em que discutíamos questões da educação, da criança e do adolescente e leis. No fórum, uma menina pequena, aparentemente tímida, devia ter os seus 12 anos gritou ao opressor o Estatuto da Criança e do Adolescente, citando artigos, sendo que muitos especialistas no assunto jamais profeririam a lei com tanta segurança e veemência.


No fórum, é discutida a validade das alternativas apresentadas no mundo real. Os espect-atores elegem as alternativas válidas e creio que realmente elas funcionam no mundo real, é notável que o público sai da peça de outra forma, mais seguro,crítico, com vontade de mudar o que o prejudica de alguma forma, e com todos esses sentimentos é impossível que as situações reais continuem a ser como eram.

O Teatro do Oprimido me mostrou a importância de realmente viver, participar, interferir, transformar, opinar tudo o que está a minha volta. É possível acreditar em mudanças, em transformação social, desde as pequenas coisas cotidianas que antes não me dava conta. Descobri que somos os responsáveis por essa dinâmica, ficando sempre atentos para o rumo de nossa caminhada.

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